In Corpus

Através da história, pelo mundo todo, podemos encontrar exemplos de tatuagem e grafite, expressões artísticas que em sua essência são associadas a contra cultura e ao desafio às normas sociais. Durante muito tempo ambas estiveram conectadas à esfera da marginalidade, mas recentemente começaram a ser apropriadas e aceitas pelos grupos privilegiados. Contudo seu valor ainda é questionado quando conectado a o corpo negro.

In Corpus é um livro de fotografias que está sendo realizado através do contato direto com a comunidade negra de grafiteiros, pichadores, tatuadores e tatuados. É através da troca direta, com encontros e entrevistas, que se faz o corpo deste livro. O relato tem natureza social, e a experiência de cada indivíduo reflete o contexto do coletivo.

Do latim “em ou no corpo”, o nome do projeto é significativo, afinal o corpo é o protagonista do trabalho, não apenas o nosso, humano – negro – e a forma como os olhares caem sobre ele. Mas, também, onde o coletivo habita: o corpo urbano, espaços públicos que historicamente vêm sendo construídos para excluir as minorias. Vivemos em uma sociedade que foi erguida de modo a entregar arte e cultura como bens para os privilegiados e aqueles que não tem as mesmas condições, apesar de resistências sociais e políticas, ainda lutam para fugir da mesmice de um diálogo urbano silencioso.

Apesar disso, é inegável que a cidade é o local onde habitam as possibilidades sociais. É nela que a tatuagem e o grafite se expandem, e o contato com esses é o que o trabalho In corpus ilumina. Ele explora as potências destas formas de arte e o contato delas na vida negra; a transformação das vivências pessoais e coletivas.

Afinal, são formas de arte que acima de tudo dialogam com a transformação; a tatuagem como forma de empoderamento fortíssima, se apropriando e celebrando o próprio corpo e o grafite que permite a todos se expressarem e consumirem arte em seu dia a dia, quebrando a sujeira da cidade com cor e protesto.